segunda-feira, 20 de agosto de 2012

O ENCONTRO COM ESAÚ

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O afeto fraternal o empolga; mas Jacó, prudente prefere permanecer longe do seu irmão. É então, o santo Patriarca.
           
            Jacó, erguendo os olhos, viu que ser irmão se aproximava com seus quatrocentos homens. Dividiu as crianças entre Lia, Raquel e as duas servas: Na frente, as servas e as crianças depois Lia e as suas, finalmente Raquel e José. Ele próprio ficou na frente e ficou na frente e se prosternou sete vezes antes de chegar ao seu irmão. Mas Esaú correu para ele, abraçou-o e os dois puseram-se a chorar. Quanto Esaú ergueu os olhos e viu as mulheres e as crianças, perguntou: Quem é esta toda gente? É minha gente –respondeu Jacó –são os filhos que Deus concedeu ao teu servo. Então, as servas se aproximaram com suas crianças e se prostraram; e o mesmo fez Lia e suas, Raquel e José. Que queres dizer –retrucou Esaú –com todos esses rebanhos de gado grosso e pequeno que encontrei?
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            São –respondeu Jacó –os presentes que devem fazer me encontrar mercê aos olhos do meu senhor.
            Já possuo muitos rebanhos, meu irmão, disse Esaú –guarda o que te pertence.
            Mas Jacó insistiu: Por favor! Já que encontrei mercê aos teus olhos, aceita estas dádivas! Afrontei a tua presença como se fosse a de Deus e tu me recebeste bem. Aceita pois os presentes que te faço. Deus deu-me tudo em abundância.
            Esaú acabou por aceitar a oferta e depois falou: Levantemos acampamento e partamos.
            Meu senhor sabe –objetou Jacó –que as crianças são delicadas e que é preciso pensar nas ovelhas e nas vacas que amamentam. Não podemos cansá-las demais, um dia basta para que todas morram. Parte o senhor na frente eu partirei depois, lentamente e o rebanho seguirá atrás de mim e conforme a resistência das crianças chegarei em casa de meu senhor, em Seir.
            Esaú disse: Vou deixar-te então alguns dos meus homens.
            Para quê? Respondeu Jacó. Basta ter encontrado mercê aos olhos de meu senhor.
            No mesmo dia Esaú rumou para Seir. Mas Jacó rumou para Siquém, em Canaã. Acampou nas margens da vila e por cem dinheiros comprou uma parcela de terreno onde levantou a sua tenda. Nesse ponto ergueu um altar que chamou: Ao Deus de Israel.

JACÓ LUTA COM O ANJO

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Sem Deus, Jacó sente-se fraco e pequeno; a luta contra o Anjo (que representa o Senhor) simboliza a luta interna que termina com a conversão completa de Jacó.
           
            Nessa mesma noite, Jacó se levantou tomou suas duas mulheres, suas duas servas, seus onze filhos e foi para o Jaboque. Atravessou o rio com tudo o que possuía. Depois ficou só e durante toda a noite lutou contra um Anjo. Ao amanhecer o Anjo lhe disse: De hoje em diante o teu nome não será Jacó e passarás a ser Israel, pois lutaste contra Deus.


A VOLTA AO PAÍS

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Esaú avisado pelo seu irmão, acorre com suas gentes. Temendo uma vingança, Jacó está angustiado e, pela primeira vez, implora proteção a Deus.

            Jacó prosseguiu sua viagem e encontrou os anjos de Deus; ao vê-los, exclamou: Este é o exército de Deus. E chamou aquele lugar de Maanaim. Mandou emissários na frente ao encontro de seu irmão Esaú, no país de Edom, com estas instruções: Assim falareis ao meu senhor Esaú: Teu servo Jacó manda-te dizer que ficou em casa de Labão até agora. Tem bois, jumentos, gado de pequeno porte, servos e servas e deseja que o seu senhor o saiba, para lograr mercê aos seus olhos.
            Os mensageiros voltaram e disseram: Encontramos o teu irmão Esaú e ele próprio vem ao teu encontro, acompanhado de quatrocentos homens. Jacó ficou atemorizado e cheio de angústia. Dividiu sua gente, os pequenos e os grandes rebanhos, os camelos e disse: De Esaú atacar um dos campos o outro poderá ser salvo. Em seguida pôs-se a orar rogando: Ó Senhor, salvai-me, por piedade, das mãos do meu irmão Esaú, tenho medo que venha me atacar e não poupe nem as mães nem as crianças. Entretanto me dissestes: Vai para teu país. Terás inúmeros benefícios e multiplicarei a tua descendência como a areia do mar que não se pode contar.
            Nessa noite, Jacó permaneceu no lugar; depois reuniu para presentear seu irmão Esaú, duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas, vinte carneiros, trinta camelos, touros e vinte jumentas com dez filhotes. Separou cada rebanho e confiou-os aos servos dizendo ao primeiro: Quando meu irmão Esaú o encontrar e lhe perguntar: Quem és tu? Onde vais? De quem são esses animais? Responderás: Eles pertencem ao teu servo Jacó que o presenteia ao seu senhor Esaú e ei-lo que se aproxima em pessoa.
            Deu a mesma ordem ao segundo servo e aos demais. Intimamente pensava: Se consigo apaziguá-lo com estes presentes antes de o encontrar, talvez obtenha melhor acolhimento. Os homens partiram com os presentes e Jacó passou a noite no acampamento.

sábado, 18 de agosto de 2012

A FUGA DE JACÓ

Para escapar ao domínio de seu sogro, Jacó fugiu com sua família e seus bens. Alcançado por Labão, consegue provar sua inocência e os dois homens, antes de se separarem, fizeram um tratado solene.
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            Então, Jacó levantou-se, fez seus filhos e suas mulheres montarem em camelos e partiu com todos os seus rebanhos e seus bens, para voltar à casa de seu pai Isaac, no país de Canaã. Jacó partiu clandestinamente enquanto Labão tinha ido fazer tosar o seu rebanho. Fugiu com tudo o que possuía; atravessou o Eufrates e se dirigiu para a montanha de Gileade. Três dias depois, Labão soube da fuga de Jacó. Com a ajuda dos seus irmãos, durante sete dias o perseguiu e alcançou-o à noite no monte Gileade. Durante a noite, Deus manifestou-se em sonho a Labão e lhe disse: Acautela-te de dizer a Jacó qualquer coisa de bem ou de mal! Este havia armado a sua tenda na montanha. Labão e seus irmão armaram as suas perto da de Jacó.
            Labão então disse a Jacó: Que fizeste? Por que fugiste e levaste as minhas filhas como cativas? Por que não me disseste? Eu te teria acompanhado alegremente com harpas e tamborins. Não deixaste que eu abraçasse meus netos nem minhas filhas. Foste insensato. Poderia te castigar mas o Deus de teu pai apareceu-me na noite  passada e me disse: Cautela. Não fales a Jacó nem bem nem mal. Partistes por que tinhas saudades da casa de teu pai; mas, dize-me por que furtastes meus ídolos?
            Jacó ignorava que Raquel os havia furtado e respondeu: Vê nas tendas e se alguma coisa te pertence toma-a. Se alguém furtou os teus deuses pagá-lo-á com a vida. Labão então procurou na tenda de Jacó e na dos servos, sem nada encontrar. Raquel havia ocultado os ídolos dentro da liteira do camelo e se havia sentado sobre eles. Labão procurou em sua tenda mas nada achou.
            Jacó então empolgou-se e chamando Labão à parte, disse: Quem mal te fiz? Que erro cometi para que te enfureças assim contra mim? Rebuscastes todos os meus guardados, as não achastes nada eu te pertencesse. Tomemos teus irmãos e os meus como testemunhas e eles julguem entre nós dois. Faz vinte anos que estou em tua casa: tuas ovelhas e tuas cabras produziram muito e nunca comi dos frutos do teu rebanho. Sofri o calor do dia e o frio da noite. O sono me açoitava meus olhos. Durante quatorze anos trabalhei para ti, para obter tuas duas filhas e durante seis anos, para teu rebanho, e tu, dez vezes mudaste o meu salário. Se não temesses o Deus de Abraão, me terias fustigado com as mãos vazias. Mas Deus viu o meu sofrimento, o trabalho das minhas mãos e pronunciou o seu julgamento na noite.
            Labão respondeu a Jacó: Estas moças são minhas filhas, estas crianças são minhas crianças, este rebanho é meu rebanho e tudo o que vê é meu, mas que posso fazer hoje contra minhas filhas e contra as crianças que elas puseram no mundo? Vamos façamos uma aliança que seja um testemunho entre nós.

A Aliança entre Jacó e Labão
            Jacó apanhou uma pedra e ergueu-a como se fosse um monumento. Depois disse à sua gente: Juntem-se as pedras e amontoem-nas. Assim fizeram e comeram sobre o monte.
            Labão disse: Estas pedras empilhadas, esta égide, são um testemunho entre nós, Não ultrapassarei para o teu lado e tu não ultrapassará para o meu, mal intencionado. Que o Deus de Naor e o Deus Abraão sejam os nossos juízes.
            Jacó jurou sobre o Deus de Isaac. Em seguida, ofereceu um sacrifício na montanha e convidou seus irmãos para a refeição. Comeram e passaram a noite. Cedo levantaram e Labão abraçou suas crianças e as duas filhas; em seguida, tomou rumo de casa.

JACÓ ENRIQUECE LABÃO


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            Durante todo o tempo em que Jacó trabalhou para Labão, antes e depois de seus dois casamentos, seu tio enriqueceu muito. Deus protegia Jacó e em todo lugar que ele punha a mão as coisas prosperavam. Mas o lucro ficava para Labão. Um dia, pouco depois do nascimento de José, Jacó achou que devia voltar para o país dos cananeus e disse ao seu tio: -Já trabalhei bastante aqui e você enriqueceu à minha custa. Quando cheguei suas riquezas eram poucas e agora aumentaram muito, por que Deus me tem protegido. Quero voltar para o país de onde vim. Só assim poderei trabalhar para minha família.
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A Recompensa de Jacó
            Labão, sabendo que não podia desmentir o sobrinho, respondeu-lhe: -Reconheço que fiquei muito rico por sua causa, por que Deus abençoou seu trabalho. Você merece uma recompensa. Diga o que quer e eu lhe darei.
            Jacó teve então uma idéia. Pediu ao tio que o deixasse voltar a apascentar o rebanho. Depois de certo tempo, ele separaria para si todas as ovelhas pretas e as cabras listradas. Essa seria a recompensa. Assim, quando Labão quisesse examinar se tudo estava certo, seria mais fácil controlar: ovelhas que não fosse preta e cabra que não fosse malhada não podia pertencer a Jacó. Seria de Labão e a seu rebanho deveriam voltar.
            A proposta foi aceita e, no mesmo dia, Jacó foi com os filhos mais velhos para o campo apascentar os animais. Enquanto esteve a serviço de Labão, nasceram tantas ovelhas pretas e cabras listradas, que ele acabou ficando dono de quase tudo o que antes fora do tio.
            Os filhos de Labão, notando que o rebanho de Jacó crescia assustadoramente, começaram a falar mal dele. Diziam que o cunhado tinha carregado todas as riquezas de seu pai.
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Jacó separa-se de Labão
            Labão também ficou desconfiado e começou a tratar mal a Jacó, como nunca tinha feito. Então Deus apareceu e disse-lhe: -Pode voltar para o país onde você nasceu, que eu o acompanharei.
            Ouvindo isso, Jacó mandou chamar Lia e Raquel ao campo, onde estavam com os filhos maiores. Receava que elas não quisessem ir com ele. Quando as duas chegaram, Jacó lhes disse: -Seu pai está me tratando muito mal. Parece que não se lembra mais de que ficou rico à minha custa. Trabalhei catorze anos por você duas, continuei depois a não ganhar nada. Agora andam dizendo que eu o roubei, quando a verdade é que nós discutimos o preço de minha recompensa e ele aceitou a proposta que fiz. Por isso, Deus apareceu-me e mandou que eu voltasse para o país onde nasci.
            Lia e Raquel ouviram atentas e apoiaram o marido. Afirmaram que não tinham nada mais a ver com o pai, que ele as tinha vendido em troca de trabalho, em vez de dá-las em casamento, e que as tratava mal também.
            O problema agora era sair de viagem sem que Labão visse. Aproveitaram uma ocasião em que ele não estava e fugiram. Jacó levou as mulheres, os filhos, os rebanhos, e as suas riquezas.
            Labão acreditava em outros deuses, além do Deus de Jacó, e tinha representações deles em casa. Antes da partida, Raquel pegou essas estátuas e carregou-as consigo.
            Só três dias depois, quando ainda estava no campo com o rebanho, Labão soube que Jacó tinha ido embora. Enfurecido, reuniu todos os seus parentes e juntos resolveram sair em perseguição a Jacó. O que Labão não conseguia suportar, além de tudo, era que as estátuas de seus deuses tivessem desaparecido de sua casa.

O CASAMENTO DE JACÓ

Para obter Raquel, que ama, Jacó é obrigado a desposar também a filha mais velha, conforme os antigos hábitos, mas enriqueceu à custa do sogro.
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            Labão tinha então duas filhas; a mais velha se chamava Lia, e a mais moça se chamava Raquel. Lia tinha um olhar mortiço, enquanto que Raquel era bela e de agradável aparência. Jacó amava Raquel e respondeu: Durante sete anos serei o teu servo e então me darás tua filha mais moça, Raquel. Labão respondeu: Melhor é que eu te dê, ao invés de dá-la a um outro; fica comigo. Jacó trabalhou pois sete anos pra obter Raquel, esse tempo lhe pareceu curto por que ele amava Raquel.
            No fim de sete anos Jacó disse a Labão; De acordo com nosso entendimento, dá-me a minha mulher. E Labão começou os preparativos para as bodas. Mas com o anoitecer foi Lia que se introduziu ao lado de Jacó e este a desposou pensando que era Raquel.
            Quando Jacó descobriu o logro, disse a Labão: Por que me fizeste isto? Não foi para obter Raquel que te servi?
            Labão respondeu: Em nosso país, é contrário ao hábito, casar-se primeiro a mais nova antes da mais velha. Mas, se retomares o compromisso para mais sete anos, te darei Raquel para mulher.
            Dessa forma, Jacó desposou também Raquel. Naquele tempo, era admissível um homem ter várias mulheres. Assim, ficou mais sete anos trabalhando para Labão.

Os filhos de Jacó
            Jacó amava muito Raquel e desdenhava Lia. Vendo que ele fazia isso, Deus resolveu proteger a desprezada. Enquanto Raquel não tinha nenhum filho, Lia teve quatro, que se chamaram Rúben, Simeão, Levi e Judá.
            Só depois disso é que Raquel teve dois filhos, aos quais deu os nomes de Dan e Naftali. Mas Lia voltou a ter mais dois meninos, que foram chamados de Gade e Aser.
            Um dia, quando Rúbem já era grandinho, estava passeando pelo campo e descobriu umas frutinhas chamadas mandrágoras, que ajudam a mulher a ter filho. Ele colheu um pouco e levou para Lia, sua mãe. Raquel pediu algumas à irmã, mas esta não queria dar. Então Raquel perguntou: -Vamos fazer uma troca? Você me dá algumas dessas frutinhas, que eu a deixo dormir esta noite com Jacó. Lia aceitou a troca e teve mais dois filhos, que receberam os nomes de Issacar e Zebulon. Mas Raquel também voltou a ter uma criança, à qual deu o nome de José.


JACÓ CHEGA EM CASA DE LABÃO

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            Jacó prosseguiu sua viagem e alcançou os países do Oriente. Eis que viu na planície um poço e três rebanhos de ovelhas que descansavam. No poço bebiam os rebanhos, mas uma grande pedra o tapava. Depois dos rebanhos saciarem, os pastores repunham a pedra sobre a boca do poço.
            De onde são, irmãos?
            Somos de Harã, responderam.
            Conheceis Labão, filho de Naor?
            Sim, conhecemos, responderam.
            Jacó lhes perguntou ainda: Como está ele? Está bem, -responderam –eis justamente sua filha Raquel que está trazendo o rebanho.
            Enquanto falavam, Raquel chegou com as ovelhas do seu pai. Assim que Jacó viu Raquel, filha do seu tio Labão e o rebanho que pertencia a seu tio, empurrou a pedra que fechava o poço e deu de beber as ovelhas do seu tio.
            Em seguida Jacó beijou Raquel e começou a chorar. Disse a Raquel que era um sobrinho de seu pai e filho de Rebeca. Correndo, Raquel foi avisar seu pai. Labão, correndo também, veio ao encontro de Jacó, filho de sua irmã, abraçou-o e cobriu-o de beijos, levando-o em seguida para sua casa. Jacó contou-lhe tudo o que havia acontecido e Labão lhe disse: Sim, tu és dos meus ossos e de minha carne!
            Jacó ficou em casa de Labão durante todo o mês. Labão lhe disse então: Não é por seres meu parente que vais trabalhar para mim por nada. Dize-me qual é o salário que queres?


JACÓ NA MESOPOTÂMIA

Jacó partiu de Berseba para Harã. Chegou num ponto onde devia se recolher para passar a noite pois o sol já se havia deitado. Tomou uma pedra que colocou debaixo da cabeça, a títulos de travesseiro e adormeceu.

O SONHO DE JACÓ
Deus torna-o herdeiro das promessas feitas a Abraão. Mas Jacó que ter êxito na vida por seus próprios esforços.
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            Jacó sonhou que via uma escada cujo topo alcançava o céu e que por ela anjos de Deus subiam e desciam. O Senhor estava no alto da escada e disse a Jacó: Eu sou o Senhor, Deus de Abraão e de Isaac. A terra sobre a qual estás deitado, eu te dou, a ti e à tua posteridade que será tão numerosa quanto o pó do solo, estender-te-ás para o Ocidente, para o Oriente para Norte e para o Sul, e todas as nações do mundo serão abençoadas, devido a ti e à tua descendência. Estou contigo e velarei por ti onde fores e novamente te trarei para este país. Não te abandonarei antes de ter cumprido tudo o que te prometi.
            Jacó acordou e disse: Certamente o Senhor está aqui e eu não sabia! Tomou-se de terror e disse: Quão temível é este lugar! Com certeza é a casa de Deus e a porta do Céu!
            Tendo levantado bem cedo, Jacó tomou a pedra que lhe havia servido de travesseiro, ergueu-a com uma égide e untou o topo com azeite. Deu a esse lugar o nome de Betel. Fez então voto dizendo: Se Deus ficar comigo e me acompanhar durante a jornada que vou iniciar, se fizer com que encontre pão e roupas, se voltar são e salvo para a casa de meu pai, então o Senhor será o meu Deus. Esta pedra que ergui como uma égide será a casa do Senhor, e por tudo que recebi de Ti, ó Deus, oferecer-te-ei o dízimo.

A VIAGEM DE JACÓ

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ESAÚ E JACÓ – A RIVALIDADE ENTRE DOIS IRMÃOS

 
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Jacó, o preferido de Rebeca, quer ter sucesso na vida e apossar-se da herança que cabe ao seu irmão Esaú. Com o auxílio de sua mãe, consegue, por meio de uma astúcia, realizar o seu desejo.

            Mais tarde , quando Isaac já estava com sessenta anos, Rebeca lhe deu dois filhos gêmeos. O primeiro nascido era o ruivo e inteiramente coberto de pêlos. Chamava-se Esaú e o seu irmão deram o nome de Jacó. Os meninos cresceram. Esaú tornou-se hábil caçador e vivia sempre fora, mas Jacó era um home quieto e ficava sob as tendas. Isaac preferia Esaú por apreciava muito as suas caçadas, mas Rebeca preferiu Jacó.

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            Um dia, quando Jacó estava preparando um ensopado, Esaú chegou cheio de fome e disse a Jacó: -Dá-me, por favor um pouco dessa apetitosa sopa de lentilhas, estou morto de fome.
            Vende-me primeiro teu direito de primogenitura, respondeu Jacó. Esaú, sendo o primogênito, devia receber toda a herança de seu pai.
            Estou para morre –disse Esaú –de que me valerá o direito de primogenitura?
            Aí Jacó retrucou: Conceda-me sob juramento! Esaú prestou juramento e vendeu o seu direito de primogenitura ao seu irmão Jacó. Então Jacó lhe deu sopa de lentilhas e pão. Esaú comeu e bebeu, levantou-se e saiu. Foi assim que Esaú renunciou ao seu direito de primogenitura.
            Quando Isaac envelheceu, sua vista enfraqueceu e ele não via mais. Chamando por Esaú disse: Meu filho!
            Eis-me, respondeu Esaú.
            Vê –disse Isaac –estou velho e não sei quando morrerei. Apanha tuas armas, teu arco e tua flecha. Vai para a planície e traze-me alguma caça. Faze um bom prato como eu gosto e da-me para comer, a fim de que minha alma te abençoe antes de morrer. Rebeca ouviu o que Isaac dizia ao filho Esaú. Esaú foi para a planície cumprir o que seu pai lhe havia pedido.

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            Rebeca então disse a Jacó: Acabo de ouvir teu pai dizer ao teu irmão Esaú: Consegue uma caça e faze-me um bom prato; comerei e te abençoarei perante o Senhor antes de morrer. Agora, meu filho, ouve-me com atenção e faze o que vou te dizer. Vai para o rebanho e traze-me dois belos cabritos; com eles, farei para teu pai um desses bons pratos que ele gosta. Tu mesmo o levarás à teu pai para que ele coma e te abençoes antes de morrer.
            Jacó disse a mãe: Sabes que meu irmão Esaú e peludo e eu sou inteiramente liso. Talvez meu pai me apalpe e perceberá que o enganei. Terei então a sua maldição ao Inês da sua bênção.
            Mas sua mãe lhe respondeu: Tornarei essa maldição para mim, meu filho! Faze apenas o que estou dizendo e traze dois belos cabritos.
            Jacó obedeceu e Rebeca preparou um petisco que agradava a Isaac. Rebeca apanhou então as melhores roupas de Esaú, seu primogênito e fez com que Jacó, seu filho caçula, a vestisse. Cobriu-lhe os braços e parte do peito com as peles que havia retirado dos cabritos. Depois, pôs-lhe nas mãos o prato e o pão que ela mesma havia preparado.
            Jacó foi ao encontro do pai e disse: Pai! e Isaac respondeu: Sim, quem és tu, meu filho?
            Sou Esaú, teu primogênito. Fiz o que mandaste. Por favor, levanta, senta e come a caça que preparei, para que tua alma me abençoe! 
            Mas Isaac disse ao seu filho: Como tu a encontraste tão depressa?
            É que o Senhor teu Deus, me enviou, respondeu Jacó.
            Todavia, Isaac retrucou: Aproxima-te para que te apalpe, meu filho, para saber se és realmente meu filho Esaú.
            Jacó se aproximou de seu pai Isaac, que o apalpou e disse: A voz é a de Jacó mas os braços são realmente os de Esaú! Não reconheceu pois que os braços de Jacó eram peludos como os de Esaú e o abençoou. Mais uma vez Isaac perguntou: És realmente meu filho Esaú?
            Sim, respondeu Jacó.
            Isaac prosseguiu: Serve-me então para que eu coma a caça de meu filho e que minha alma o abençoe.

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            Jacó serviu-o e ele comeu; depois Jacó lhe ofereceu vinho e ele bebeu. Em seguida Isaac lhe disse: Aproxima-te agora e abraça-me, meu filho. Jacó se aproximou e o abraçou. Isaac aspirando o cheiro das roupas abençoou-o nestes termos:
            Som, o odor de meu filho é como o odor de um campo abençoado pelo Senhor. Que Deus te dê o orvalho do céu e a fertilidade do solo, trigo e vinho em abundância. Sê o mestre de teus irmão. Maldito é aquele que te amaldiçoar, bendito o que te abençoar!
            Isaac acabava de abençoar Jacó. Acabava ele de sair de perto de seu pai, quando chegou seu irmão Esaú trazendo a caça. Por sua vez, Esaú preparou um petisco que levou ao seu pai. Pai, disse ele –levanta-te por favor e come a caça que teu filho acaba de trazer para que o abençoe. Então, seu pai Isaac lhe disse!
            Mas quem é tu?
            Sou Esaú, teu filho mais velho. Respondeu ele.
            Isaac estremeceu violentamente e desse: Quem foi então que preparou uma caça e me serviu? Comi antes da tua chegada e o abençoei e ficará abençoado.
            Quando Esaú ouviu as palavras de Isaac lamentou-se amargamente e em altos brados disse ao seu pai: Abençoa-me também, oh meu pai! Mas Isaac respondeu: Teu irmão se introduziu astutamente e levou a tua benção.
            Esaú exclamou: Não é sem razão que se chama Jacó o bem-aventurado. Por duas vezes me suplantou: tirou-me a primogenitura e agora, toma-me a benção! Mas, acrescentou ele: Não terás guardada uma benção para mim?
            Isaac respondeu a Esaú: Institui-o teu mestre, dei-lhe seus irmãos como servos, garanti-lhe o trigo e o vinho. Que mais poderia fazer por ti meu filho? Esaú disse ao seu pai? Oh pai, abençoa-me também! E rompeu em soluções. Então Isaac tomou a palavra e disse:
            Viverás da tua espada e servirás o teu irmão. Quando puderes, sacudirás o seu jugo.
            Esaú começou a odiar Jacó pela benção que o pai lhe havia dado e intimamente disse: Já não está longe o dia em que vestiremos o luto por meu pai: então, matarei meu irmão Jacó!
            As palavras de Esaú chegaram aos ouvidos de Rebeca. Ela mandou chamar Jacó e lhe disse: Teu irmão Esaú quer te matar para vingar-se de ti. Ouve então, meu filho, escuta o que te digo: parte, foge para a casa do meu irmão Labão, em Harã. Fica em casa dele lguns dias, até que o ressentimento do teu irmão desapareça e ele deixe de pensar no que fizeste. Chegado o momento, mandarei buscar-te.
            Isaac chamou Jacó e o abençoou. Depois, fez-lhe estas recomendações especiais: Não esposes nenhuma filha de Canaã. Levanta-te, vai para Padã-Arã, em casa de Betuel, pai de tua mãe e escolhe uma mulher entre as filhas de Labão irmão de tua mãe. Que Deus Todo-Poderoso te abençoe e que te tomes posse deste país onde és ainda estrangeiro e que Deus deu a Abraão. Com estas palavras, Isaac despediu-se de Jaco.